quarta-feira, 28 de novembro de 2012 4 << Comentário >>

Ensaio de despedida .




E do nada você volta pra minha vida. Eu já fui embora uma vez, não se surpreenda se o fizer novamente. Mas você insiste em rodopiar na minha frente como uma sombra à luz do sol. Eu sempre vou te querer, mas nunca vai ser tanto quanto quer. Tem algo em você que é muito, muito mais forte que eu. E por mais que eu tente rebater um milhão de vezes sei que vou cair no seu discurso de 'homem perfeito' quantas vezes você o utilize. E é claro, é óbvio. Qual mulher não cairia? Você sabe exatamente o que falar e é isso o que me deixa confusa. É a palavra, a voz doce e tudo que vem junto no pacote. E lutar contra isso é constante e é todo dia. É quando o telefone toca e quando batem na minha porta. É tentando controlar meus batimentos por minuto e detendo a minha capacidade de raciocínio que insiste em querer fugir sempre que o assunto é você.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012 8 << Comentário >>

Não tinha você .


Minha mente já estava aqui. O grande problema é que meu corpo demorou demais pra chegar. Me segurei, você nunca me viu chorar, não ia ser agora. Então rapidamente dobrei a parte da camisa manchada com minhas lágrimas. Te ver falando com um tom de voz tão frio foi definitivo pra mim: você estava fingindo. Sabes tão bem que te conheço e ainda dissimulas não me amar. Era lógico que era disfarce, como sempre. Você sempre acha que se esconde de mim, mas a grande realidade é que se esconde de você. E parece mesmo ter medo de tudo e de todos. Você também está ferida, eu sei da sua dor, pois ela sempre foi tão grande que te impediu de chegar até mim. E eu que passei essas noites calculando as dores que você não sentia e os pesadelos que você não teve? Hoje vejo nos seus olhos que sofreu igual a mim.  Foram dias e dias me sentindo sozinho em meio a conselhos do tipo "tudo passa" e "você não é o primeiro e não será o ultimo". Mas nem que eu fumasse todos os cigarros do mundo e esvaziasse as prateleiras dos botequins, nada curava aquela ansiedade. E de tanto esperar eu fui te ver. Seus olhos estavam ausentes como nunca. Inevitavelmente acordei. E por um momento vi você voltar, foi por pouco, mas estava tudo igual. Revi a cena e não tinha você. Nem você e nem aquele fingimento de "não amor". Só tinha eu e minha ansiedade.
terça-feira, 4 de setembro de 2012 6 << Comentário >>

O amor é o mar .


Amar não é dizer te amo, desconfio até que essa é a parte fácil de amar verdadeiramente alguém. Vai muito além da ligação no fim do dia, do tempo vivido ao lado do outro. Já vi namoros e casamentos de muitos anos mais inconsistentes que o vento do fim de tarde. O amor é a força que se alimenta de algum manjar raro, o qual poucos sabem a receita, e quando descobrem o sabor único apenas dele querem alimentar os seus dias - sabendo esses que não existe hora de parar e que ao provarem o tal preparo, dele estarão reféns por toda a vida (por livre e espontânea necessidade e prazer). O amor perpassa qualquer teoria do tolo que tentou decifra-lo, como eu. O amor desconhece o orgulho, dribla a razão e despreza o desprezo. A solidão anestesia o relógio, o amor o acelera. O calendário nos dá a noção dos dias, o amor nos desconecta. Chega em momento estratégico e permanece sendo capaz de suportar qualquer tempestade. O amor não é o que escolhemos sentir, é o que sentimos mesmo sem querer. É como um rio que se modifica insistentemente desde a sua nascente até desembocar no mar. O amor é, e porque não ser, o próprio mar - imenso, azul, indecifrável e traiçoeiro.
segunda-feira, 30 de julho de 2012 1 << Comentário >>

Meu amor é indivisível .

Tento ser compreensivo, acredito nela. Soube dos amores e dos suspiros que ela dá. Mas o meu amor por ela é indivisível, sou só dela (que sorte eu teria se ela pensasse assim). Acordei com o plano em ir lá, mas ela me ligou antes que eu levantasse. E enquanto eu bocejava ouvi sua voz doce me desejando um ótimo dia. Era a música que eu queria ouvir, era o meu café da manhã, meu alimento. Não tive coragem de mandá-la ao inferno, até porque eu iria atrás dela e até lá estaríamos felizes. Assim, permanecemos aqui. Eu com ela, ela comigo e com eles. Não sei se é justo, se sou burro, se sou fraco. Apenas sei que a amo e que não sobreviveria sem aqueles olhos verdes, a pele quase transparente, o cabelo cor da noite, e o sinal perto da boca, aonde afogo todas as minhas mágoas e até as que ainda não tenho.
terça-feira, 17 de julho de 2012 3 << Comentário >>

“Mas há males na vida que vem para o bem...”


Por mais que eu tente, várias vezes, explicar as contradições que carregamos me pego sempre surpreendendo e aprendendo mais e mais com a vida, mais especificamente, com a minha. Esse ano, com certeza, foi um divisor de águas na minha história, pois existe uma Karol de antes e uma Karol de hoje. Precisei ficar distante, respirar um pouco. E vou te contar, gostei demais das mudanças. Posso dizer de peito aberto, que cada minuto da minha vida valeu demais à pena. Os conflitos, as angústias, o trabalho. Aprendi e ainda tenho muitíssimo o que aprender. Tornei-me uma mulher que sabe muito bem o que quer, que sabe dizer sim e sabe finalmente dizer não, bem mais fria, assumo (eu precisava). Tenho opinião e luto para defendê-las. Precisei fazer escolhas, e fiz. Apanhar das voltas que a vida dá, e apanhei. Aprendi na prática que tudo tem seu preço e que cada ação causa uma reação, que podemos causar dor, e também somos facilmente magoados. Descobri que sou rancorosa, que guardo mágoas (defeito que não consigo mais esconder). Me conheci e conheci os que me cercam, descobri com quem posso contar e quem certamente me dará as costas novamente. Fortaleci alguns laços baseando-me na verdade e no amor (o verdadeiro). De certo sofri muito, mas como diria Jorge Aragão (quem diria que um dia eu o citaria) “mas há males na vida que vem para o bem”. E eles vieram, e foram pra o bem. A vida me mostrou por diversas vezes que fazer o que é certo nem sempre (quase nunca) te rende (bons) frutos imediatos, e que falar a verdade muitas vezes é o caminho mais curto pra forca. Mas não há nada melhor que estar de bem consigo e com sua consciência, suas convicções. E essa foi, sem dúvidas, a minha maior lição. Por que a verdade pode demorar um dia, um mês, um ano ou dez anos, mas ela vem e mostra da forma mais simples que você trilhou o caminho certo, do bem, da verdade. Não há nada melhor que ser fiel aos nossos princípios (quando os temos).
terça-feira, 29 de maio de 2012 3 << Comentário >>

Morte | adiV .


Sinto cheiro de flor e terra. Busco respostas para a minha condição e logo encontro. De imediato recordo-me do medo que tinha de tudo isso. Na realidade sempre disfarcei bem o meu medo dando a ele o nome de pena. Era uma espécie de autopiedade por ter a certeza de ter ficado para trás. Os jornais sairão, a partir daqui, com conteúdos os quais jamais poderei saber. A juventude lançará novas manias que estarei impossibilitado de criticar. O mundo girando, novos poetas, novas músicas e eu aqui.

Sete palmos o separavam totalmente da realidade a que pertencia até ontem. Tentou se mover, mas tudo permaneceu estático. Sentiu-se morto, mas não estava. Ainda não.
quarta-feira, 23 de maio de 2012 7 << Comentário >>

Vivit Sub Pectore Vulnus .

Treinei, com muita força, pra que nada de ruim acontecesse. Eu repeti pra mim, várias vezes, que tudo não passara de um pesadelo, ou um sonho (ainda não sei dizer). Me convenci e sobrevivi a tudo, estou aqui.   E aí eu leio um texto e me vem você. E aí tudo muda e o mundo se acaba mais uma vez. Eu poderia não ter lido e ter ignorado a semelhança, mas eu quis mais, eu fui além e vi que cada ponto e cada vírgula era eu e era você. Éramos nós ali, não sei como, mas habitávamos em cada linha e até nas entrelinhas daquela crônica. Nossa história foi escrita por um desconhecido, pois não tive condições de o fazer. Então eu me lembrei que te fiz acreditar que a distância nos faria bem, você acreditou e eu não. Você voltou a viver e eu não.

Vivit Sub Pectore Vulnus: A ferida ainda vive no coração
sexta-feira, 4 de maio de 2012 8 << Comentário >>

Nossas 24 horas .



Era como se tudo pudesse acontecer em átimos, vivíamos na eminência de qualquer coisa, mas tudo permanecia igual. O dia corria com suas 24 horas como era de costume: horas, minutos, e intermináveis segundos. Assegurávamo-nos no destino, tínhamos em mente que ele traria tudo, inclusive a felicidade que estava sempre na porta, quase entrando. Foi assim durante anos, se o sol não saísse desistíamos da praia, e por isso perdemos a oportunidade de tomar banho de mar e de chuva ao mesmo tempo. Nos tornávamos a cada dia mais idênticos a nós mesmos, construíamos nossa padronização de tudo, nosso primeiro nome se tornou monotonia. Certo dia um amigo perguntou-me: Em que você acredita: destino ou escolha? - No dia, eu não soube responder, pois tudo era tão automático que não estava acostumada a parar e pensar. Porém, hoje, acho que estou no meio dos dois, em cima do muro. Não consigo descartar nenhuma das possibilidades, pois somos muito do que escolhemos e nada acontece que já não esteja traçado em nossos destinos.
segunda-feira, 5 de março de 2012 7 << Comentário >>

A eternidade e o parassemprismo .

Costumamos dizer que nada é pra sempre, porém, sempre exaltamos a eternidade como se fossem coisas distintas. Não existe sequer um amor que não tenha sido um dia 'pra sempre' e, honestamente, pra mim todos são. Não é que ele vá durar até o ultimo dia de nossas vidas, não mesmo, mas os momentos são eternos e é nesse ponto queria chegar. O amor não dura pra sempre, mas os momentos de doação e troca, os sorrisos e os olhares esses são eternos e habitam a nossa caixinha de lembranças até a morte ou a velhice esvaziar nosso relicário.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012 6 << Comentário >>

O medo e o não-medo .

Seu maior medo era também o seu menor. Sentia medo de muitas coisas, sentia medo de tudo e muitas vezes se via sem medo de nada. Seguro, irredutível. O medo de errar é natural, porém, ele não o possuía por inteiro. Fazia o que achava certo, o medo o bloquearia. Ter medo era negar a coragem e sua coragem é absolutamente invejável. Ele tinha coragem de errar, tinha coragem de largar seu orgulho e de se mostrar frágil. Assumia seus sentimentos, não os mascarava, pois mascará-los seria ter medo de demonstrá-los, e desse pecado ele não padeceria. Não tinha medo de ter medo e ter que assumir. É óbvio que temia o homem armado, o animal selvagem, o carro em alta velocidade, a morte, a solidão. Mas não é desse medo que falo. Falo de um medo mais profundo, um medo sutil, porém arrasador, que não consigo explicar, nem eu e nem ele, pois não o conheço muito a fundo e, ao mesmo tempo, o conheço profundamente.
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